#8M e a mobilidade urbana por bicicleta – Bike Anjas

#8M e a mobilidade urbana por bicicleta

 

 

 

 

“Cidades têm a capacidade de fornecer algo para todos apenas quando esse algo é criado por todos”

Jane Jacobs

Mulheres sufragistas. Reprodução: welovecycling.com
Amelia Bloomer e sua calça.

No dia 8 de Março, as Bike Anjas, mulheres da rede Bike Anjo, relembram um pouco da sua história e também trazem alguns dados sobre a importância de falar das mulheres também na mobilidade urbana pela bicicleta.

O Dia Internacional da Mulher  foi designado pela ONU em 1975 com o objetivo de lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas. O contexto do seu surgimento remonta as lutas feministas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto, o movimento das sufragistas, que entre outras demandas reivindicavam o uso das calças, criadas e incentivadas o uso para mulheres sobretudo para o ato de pedalar, que substituem as camadas de roupa e corsets pelas primeiras calças, as “bloomers” (Amelia Bloomer e sua calça. Referências Fashion History Museum e Pedalinas.)

Nas áreas de pesquisa em transportes, por muito tempo os dados de mobilidade urbana diária incluíam apenas o trajeto casa/trabalho, principalmente nos horários de movimento pela manhã e final da tarde. Como esses são padrões de deslocamento majoritariamente masculinos, a maior parte dos dados contabilizavam a maioria dos homens, o que refletia nos resultados e portanto as políticas públicas consideravam ações voltadas sobretudo para os homens. 

A maneira de analisar a mobilidade e incluir horários de pesquisa mais amplos, que consideram a mobilidade do cuidado com filhos, família, compras, entre outros deslocamentos mais complexos é um movimento de mulheres pesquisadoras recente, que inclui dados sobre a mobilidade feminina e seu impacto na cidade.
Algumas referências conhecidas por incluir a questão de gênero nas pesquisas são a dissertação da engenheira, pesquisadora e especialista de gênero Haydee Svab, a dissertação a socióloga e pesquisadora Marina Harkot, a pesquisa O Acesso de Mulheres e Crianças à Cidade do ITDP Brasil, entre outras. 

E ser mulher nunca é um acontecimento isolado de outras demandas seja pelos cuidados com a família, ou por preocupações extras na cidade com segurança, visibilidade, filhos,.. por isso assim como Jane Jacobs cita no início do artigo, é preciso pensar em todas as pessoas que habitam as cidades: trazer os debates de inclusão racial, classe, sexualidade, acessibilidade,… como os artigos de referência da engenheira e professora Meli Malestra, da pesquisadora e especialista de gênero fundadora da Multiplicidade, Glaucia Pereira, e a pesquisa A Cor da Mobilidade do ITDP.

Manifesto das anjas

Em Julho de 2018, a partir de uma situação de machismo, nos unimos e criamos o Manifesto das Bike Anjas com o intuito de desabafar e dar visibilidade ao problemas que enfrentamos na nossa mobilidade, além de dicas de como os homens podem agir e dessa forma se tornarem aliados da nossa luta.

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Bike Anjas - ENBA 2015
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Bike Anjas - Bicicultura 2016

Quem são as Bike Anjas?

As BIKE ANJAS são um grupo de mulheres da rede Bike Anjo que surgiu pela necessidade de ENGAJAR, MOBILIZAR e fomentar AUTONOMIA para as mulheres, tanto voluntárias quanto aprendizes utilizarem a bicicleta como meio de transporte em suas cidades.

Nossa história começa no ano de 2015 com uma pesquisa direcionada à mulheres feita por uma Bike Anjo (sim Anjo falta pouco para virarmos Anjas, você vai entender) a Marcella Marcolina qual para 59% das respondentes existia uma diferença entre o homem ciclista e a mulher ciclista. Através desta pesquisa começamos a questionar essa diferença e olhar ao redor no 2o Encontro Nacional do Bike Anjo, o ENBA, realizado em Belo Horizonte no mesmo ano. Percebemos como éramos poucas e a necessidade de nos unir. Por isso, criamos um grupo para reunir todas as Bike Anjo do país.

Em outubro de 2016 nascem as Bike Anjas SP e desse movimento multiplicam-se os grupos de Bike Anjas por todas as cinco regiões do país: Pedala Mana (Belém), Bike Anjas BH, Bike Anjas CG (Campina Grande), Bike Anjas DF, Bike Anjas Floripa, Bike Anjas Niterói, Bike Anjas POA, Bike Anjas Recife, Pedal das Minas (São Luís) e Bike Anjas São Paulo.

E depois que nos juntamos: Existe alguma dica de como podemos melhorar a relação entre as mulheres e a cidade através da bicicleta?

Sim! Conheça o nosso ebook Bicicleta ferramenta de transformação: Mulheres, liberdade, movimento

Sobre o ebook:

Por muito tempo as mulheres foram proibidas de pedalar, conhecemos na Rede Bike Anjo, muitas histórias de mulheres que nunca subiram em uma bicicleta, pois ou seus pais não permitiam, ou os maridos as controlavam. Sem contar alguns mitos em relação a isso: como por exemplo o julgamento de que seria vulgar uma mulher pedalar, ou correr o risco de “perder a virgindade” devido ao selim/banco da bicicleta. Infelizmente, esses são relatos ainda presentes nas gerações até o final do século 20. Mas, muitas resistiram e resistem até hoje e seguem pedalando pelas cidades brasileiras!

As  proibições não foram suficientes para impedir a aproximação das mulheres à bicicleta. Em nossas oficinas de Ensinar a Pedalar – as EBAs presentes em diversas cidades do país –  recebemos muitas mulheres acima dos 50 anos que querem realizar o sonho de aprender a pedalar, para sentir o vento no rosto e a sensação de liberdade que a bicicleta proporciona. 

 

Cicletada de las niñas

Desde 2018 as Bike Anjas são parceiras dessa atividade internacional, que une mulheres de toda américa latina em busca a visibilidade e participação delas, crianças e corpos dissidentes no espaço público, mediante o uso da bicicleta. Este ano mais uma vez estaremos nas ruas das cidades brasileiras no mês de março realizando a Cicletada de las niñas e colocando mais mulheres para pedalar!

Saiba mais em: @bikeanjo, @pedalamanaa, @bikeanjas.bh, @bikeanjas.cg, @bikeanjas.df, @bikeanja.floripa, @bikeanjoniteroi, @bikeanjopoa, @pernambucobikeanjo, @pedaldasminasslz, @bikeanjas.sp

Quer saber mais? Vem ser Bike Anja!

Participe das nossas atividades, elas são gratuitas, caso não tenha uma articulação de Bike Anjas em sua cidade você pode criar uma. Aqui está o formulário para inscrição.

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Texto por Vivian Garelli, gestora institucional Bike Anjo

 

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