TransBike: O corpo andrógino e a misoginia no trânsito

Desafios enfrentados pelas mulheres ciclistas no trânsito: Reflexões sobre gênero e violência

Danny Ventura - Bike Anja

Hoje, dia 23/05/23, fazem 9 meses que comecei minha terapia hormonal, e meu corpo cada vez mais perde suas características “masculinas” e segue um caminho andrógino em direção às características “femininas”.

E como isso me fortalece! No entanto, esse meu corpo andrógino me faz refletir e sentir na pele as violências que nós, mulheres, sofremos no trânsito enquanto pedalamos todos os dias. Algumas de nós ainda se perguntam: “Será que estou entendendo errado e essas histórias de sermos fechadas, buzinadas e alvos de agressões dos veículos são iguais para todos os ciclistas?”

Infelizmente, a resposta é que as violências no trânsito não são iguais para todos. Nós, mulheres, especialmente as mulheres pardas como eu e as negras, sofremos mais esses tipos de violência.

Mas, Dra. Danny, como você pode afirmar isso? Você se lembra do início do texto, onde mencionei que meu corpo está andrógino?

Bem, sendo um corpo andrógino, infelizmente, agora meu gênero, diante da percepção social, é definido literalmente pela escolha de uma camisa. Se uso uma camisa considerada masculina ou feminina, isso define como as pessoas me tratam, os assédios e as violências que sofro ou não.

Duas semanas atrás, durante um dia de pedalada em Belém, isso foi tão evidente para mim, foi como um tapa de realidade e também o motivo de eu escrever esse texto.

Nesse dia, saí de casa usando uma camisa considerada masculina e, literalmente, não sofri nenhuma fechada, buzinada ou tentativa de agressão de motoristas durante todo o trajeto até o ponto de encontro.

Mas, quando troquei de roupa e coloquei um vestido que amo (obs: primeira vez pedalando de vestido), parecia outra cidade! Os motoristas buzinavam mesmo eu estando em alta velocidade na minha bicicleta aro 29. Fui fechada várias vezes e um motorista chegou a jogar o carro em minha direção, olhando-me com desprezo.

Tudo isso porque eu só queria pedalar de vestido, relaxar e me sentir livre depois de uma semana exaustiva.

Então, pessoal, assim encerro minha reflexão e deixo aqui também a pergunta: vocês já haviam pensado sobre isso ou não?

Me mandem a resposta na minha DM no @dannybeatriz2022 do Instagram, vou adorar conversar com vocês sobre isso.

Danny Ventura Bike Anja

Este texto foi escrito por: Dra. Danny Ventura, Biomédica esteta, Mestranda em neurociências e biologia celular – UFPA, Cicloativista e Diretora financeira da rede Bike Anjo.

 

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